As bolsas Birkin, ícones do luxo mundial, voltaram ao centro de um debate internacional após vídeos virais de fábricas chinesas sugerirem onde mostram que produtos quase idênticos poderiam ser fabricados fora da França. Com valores que ultrapassam os US$ 35 mil, a Birkin representa status e exclusividade, mas agora enfrenta questionamentos sobre a autenticidade de sua origem e a real justificativa de seu preço. A polêmica ganha força em meio às tensões comerciais entre China e Estados Unidos, reacendendo discussões sobre transparência e ética na cadeia de produção da moda de luxo.
Fabricantes chineses estão utilizando redes sociais como TikTok e X (antigo Twitter) para expor oficinas que produzem versões sem logotipo de bolsas inspiradas em marcas como Hermès, Chanel e Louis Vuitton. Os vídeos mostram detalhes técnicos, materiais usados e etapas da confecção — muitas vezes, com qualidade visual semelhante aos produtos originais. Isso levanta dúvidas entre consumidores sobre o que realmente está sendo pago: a qualidade do produto ou o poder da marca.
O empresário chinês Sen Bags tem se destacado nesse movimento, ao compartilhar conteúdos que desconstroem a precificação das grandes maisons. Segundo ele, é possível produzir uma bolsa similar à Birkin por menos de US$ 1.400, com os mesmos materiais e técnicas. A afirmação reforça a crítica ao modelo de precificação baseado em exclusividade e marketing, e questiona se o diferencial de uma bolsa de R$ 250 mil está apenas na logomarca estampada.
A Hermès, por sua vez, nega qualquer terceirização ou fabricação fora da França. A grife afirma que todas as bolsas Birkin e Kelly são feitas artesanalmente em solo francês, por artesãos altamente qualificados que passam por até cinco anos de treinamento. A produção de uma única peça pode levar entre 15 e 40 horas, em locais como Pantin, Lyon, Ardenas e Normandia, reforçando a promessa de exclusividade e tradição da maison.
Além da mão de obra especializada, a Hermès alega que controla cada etapa do processo — desde os curtumes até os sistemas de rastreabilidade com códigos de autenticação. A empresa afirma que esses fatores justificam o alto valor de suas bolsas, posicionando o artesanato como um pilar inegociável de sua proposta de valor. Com isso, a marca busca preservar sua reputação frente à crescente pressão por transparência no setor de luxo.
Como costumo afirmar, moda e política não apenas se entrelaçam, mas se influenciam mutuamente — inclusive nas engrenagens da geopolítica e nas estratégias do mercado, afetando diretamente a percepção e a valorização dos produtos.
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