Eu tento mudar de assunto, mas a atual primeira-dama não colabora. Ela insiste em ser pauta – e faz questão de provocar. Mais uma vez, em vez de representar o Brasil com sobriedade e bom senso, Janja transformou sua presença na ONU em espetáculo de moda ideológica. O vestido vermelho, ornamentado com o bordado palestino tatreez, não foi apenas uma escolha de estilo: foi um gesto calculado – e de gosto questionável.
O vermelho, em um palco diplomático mundial, nunca é uma cor inocente. É bandeira, é código, é posicionamento. Remete a regimes autoritários, à simbologia socialista e ao comunismo que nunca escondeu sua afinidade com a cor do sangue. Não se trata de detalhe estético, mas de mensagem política. Ao surgir assim em Nova York, a primeira-dama não levou consigo a pluralidade do Brasil, mas sim a narrativa de um projeto de poder. A dúvida que paira é direta: ingenuidade ou provocação deliberada?
A escolha ainda ganhou um componente extra: o tatreez, bordado palestino carregado de peso cultural e geopolítico. Num cenário de tensões globais, combinar esse símbolo ao vermelho intenso equivale a transformar moda em militância. Onde se esperava neutralidade, elegância institucional e respeito ao espaço multilateral, o que se viu foi um palanque improvisado, travestido de vestido.
E não foi um caso isolado. Em evento do PT, em Brasília, Janja também exibiu o lenço keffiyeh, reconhecido como símbolo político pró-Palestina. Hoje, esse acessório ultrapassa o campo cultural e aparece com frequência em protestos contra Israel, sendo apropriado por grupos como Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica. O recado, mais uma vez, foi claro: a primeira-dama não distingue moda de militância.
O resultado é previsível: um ato que deveria ser diplomático virou performance ideológica. Em vez de representar o país com equilíbrio, Janja usou a ONU como vitrine para preferências pessoais e partidárias. E, mais uma vez, deixou evidente que não compreende a diferença entre ser cidadã militante e primeira-dama da República. Enquanto ela desfila, o Brasil paga a conta da inadequação.
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