O déficit de armazenagem em Mato Grosso está forçando produtores a escoarem a produção antes da hora e, com isso, venderem a soja em momentos de mercado menos favoráveis, o que compromete a rentabilidade. O alerta foi feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), em boletim divulgado nesta segunda-feira (28).
Segundo o levantamento, a produção total de grãos (soja e milho) da safra 2024/25 no estado está estimada em 104,91 milhões de toneladas, enquanto a capacidade estática de armazenagem prevista para 2025 é de apenas 52,32 milhões. Isso representa um déficit histórico de 52,6 milhões de toneladas, que deve pressionar ainda mais a logística e os preços no campo.
Esse desequilíbrio obriga o produtor rural a vender parte da safra de forma antecipada, para liberar espaço nas propriedades. A consequência direta é a perda de poder de negociação, especialmente entre pequenos e médios sojicultores, que ficam com menos margem para aguardar melhores cotações.
“O produtor é penalizado por não ter como segurar a produção e esperar o melhor momento de mercado. Isso compromete o poder de negociação e reduz a rentabilidade”, aponta o boletim.
Apesar dos obstáculos, a comercialização da soja da safra 2023/24 em Mato Grosso já atinge 76,63% da produção estimada, segundo dados do Imea. O avanço semanal foi de 1,13 ponto percentual, impulsionado pela leve alta nas cotações futuras em Chicago e pela pressão logística no escoamento da safra.
Já a venda antecipada da safra 2024/25 segue em ritmo mais lento, atingindo 16,77%, o que representa um aumento de 0,91 p.p. em relação à semana anterior. O desempenho é considerado abaixo da média histórica para o período.
O mercado internacional segue firme para os derivados da oleaginosa. Na última semana, o óleo de soja negociado no CME Group subiu 1,56%, fechando com média de US$ 56,06/lbs, puxado pela demanda por biocombustíveis nos Estados Unidos. Em Mato Grosso, o produto foi comercializado, em média, a R$ 6.142,27/t, com valorização de 1,75%.
O farelo de soja, por outro lado, teve um recuo de 0,41% no mercado estadual, com preço médio de R$ 1.493,27/t, impactado pela ampla oferta regional e pela menor demanda da indústria local.
A pressão logística também tem influenciado os custos. Na última semana, os fretes rodoviários de grãos registraram aumento na maioria das rotas mato-grossenses, reflexo da forte demanda e da frota insuficiente de caminhões no estado.
A rota de Sorriso (MT) a Miritituba (PA) teve alta de 6,29%, com valor médio de R$ 332,22/t, enquanto o trajeto de Canarana (MT) a Uberlândia (MG) subiu 4,60%, com média de R$ 291,78/t.
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