Hospitais privados e filantrópicos inscritos na Dívida Ativa da União poderão abater parte dos débitos oferecendo consultas, exames e cirurgias a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
A iniciativa — inédita no sistema público — integra o programa “Agora Tem Especialistas” e será oficializada por portaria conjunta dos ministérios da Saúde e da Fazenda, que deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) até esta quarta-feira (25).
Os detalhes foram apresentados nesta terça-feira (24) pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Saúde).
Concebido em dez eixos, o programa foi instituído pela Medida Provisória 1.301, publicada no último dia 30 de maio, e prevê, além da mobilização de toda a rede pública e privada de saúde, telessaúde, mutirões, unidades móveis em regiões desassistidas, formação de especialistas e um painel público para monitorar o tempo de espera por atendimento.
Os pacientes que estão nas filas de espera há mais tempo serão os primeiros a serem atendidos pelo programa. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) vai acompanhar a execução.
Mesmo com recorde de 14 milhões de cirurgias eletivas em 2024, o tempo de espera continua inaceitável; estamos comprando capacidade ociosa do setor privado porque o paciente não pode esperar”, disse Padilha.
“Temos R$ 34 bilhões em dívidas que não saem do papel. Melhor convertê-las em atendimento do que ver esse dinheiro virar pó”, acrescentou Haddad.
Haddad definiu o modelo como “um híbrido de Prouni com Desenrola: saneia hospitais históricos e, ao mesmo tempo, abre vagas no SUS”.
A tabela do programa cobre mais de 1,3 mil cirurgias e foca oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. Para evitar concentração no Sudeste — onde está 80% da dívida — o governo impôs tetos regionais.
“Sem intervenção, 80% dos procedimentos ficariam no Sudeste; limitamos as cotas para não perpetuar desigualdade”, afirmou o ministro Alexandre Padilha.
elas regras, estados e municípios só receberão procedimentos se mantiverem a fila atualizada num painel nacional de tempos de espera hospedado no Meu SUS Digital.
Padilha enfatizou que é necessário manter o sistema atualizado. “Quem não alimentar o sistema não recebe cirurgia. Transparência virou critério de acesso”, pontuou.
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