
Na política contemporânea, a construção do “candidato ideal” tornou-se um processo de engenharias estética e social. Mais do que ideias, vende-se uma imagem cuidadosamente moldada para agradar ao eleitorado. Cada detalhe, da cor da gravata ao tom da voz, do sorriso à iluminação, é planejado para transmitir credibilidade, empatia e força. O candidato é apresentado como um produto, ajustado conforme as expectativas do público e as tendências do momento.
Imagens estáticas e vídeos são hoje os principais instrumentos dessa construção. Em poucos segundos, eles condensam o que antes exigia longos discursos: valores, posicionamentos e até emoções. Os vídeos de campanha transformam o candidato em personagem - caminhando entre o povo com a vestimenta adequada, gesticulando com convicção, olhando diretamente para a câmera. Tudo é ensaiado para gerar confiança e emoção instantâneas, em um tempo em que poucos se detêm para ouvir propostas de fato.
Essa teatralização da política faz com que o eleitor muitas vezes escolha não quem tem o melhor projeto, mas quem melhor representa um ideal visual de liderança. A autenticidade é substituída por performance; o conteúdo, por narrativa. E, enquanto as campanhas investem milhões para construir a figura perfeita, o debate público empobrece, reduzido a slogans, cortes de vídeo e frases de efeito.
O “candidato ideal”, portanto, é menos um reflexo da realidade e mais um espelho do que o eleitor deseja ver. Essa estética do poder, baseada em imagem e emoção, pode ser eficaz para vencer eleições, mas é perigosa para governar países. Porque, no fim, a boa política não se sustenta em filtros ou câmeras, e sim em princípios, coerência e resultados reais.
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