A bancada do Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, perdeu 14 deputados desde as eleições de 2022. Só nesta semana, a sigla perdeu 3 nomes. Assim, trata-se da bancada que mais perdeu deputados nesta legislatura.
Em 2022, apesar de perder a presidência da República, o PL se consagrou com a eleição da maior bancada da Câmara, com 99 parlamentares eleitos. Já em agosto de 2025, a legenda tem 85 integrantes, o que representa uma redução de 14%.
A medida se deu depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) alterou a regra sobre a distribuição de cadeiras das chamadas sobras eleitorais. Com a decisão, as deputadas Sonize Barbosa (PL-AP) e Silvia Wãiapi (PL-AP) perderam os cargos.
No dia seguinte à decisão, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, expulsou o deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (SP) por elogiar o ministro Alexandre de Moraes e criticar a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar a Lei Magnitsky contra o magistrado.
“É o maior absurdo que já vi na minha vida política. O Alexandre é um dos maiores juristas do país, extremamente competente. Trump tem que cuidar dos Estados Unidos. Não se meter com o Brasil como está se metendo”, afirmou o parlamentar.
Valdemar Costa Neto disse que recebeu forte pressão da bancada do PL e cujos integrantes consideram que “atacar Trump é uma ignorância sem tamanho”.
“Trump é o presidente do país mais forte do mundo. O que precisamos é de diplomacia e de diálogo, não de populismo barato, que só atrapalha o desenvolvimento da nossa nação”, disse a nota.
O nome de Rodrigues, entretanto, ainda consta no sistema da Câmara. O deputado publicou uma nota na quinta-feira (31/7) à imprensa, na qual disse não ter sido comunicado formalmente a respeito da expulsão.
Ao longo dos últimos 2 anos, o perfil da bancada têm se alinhado cada vez mais ao bolsonarismo, pressionando nomes mais ao centro para fora da legenda. Dos que saíram, o PP abraçou a maior parte, filiando 4 dissidentes do PL.
A divisão na bancada se tornou evidente durante a votação da reforma tributária. Na época, Bolsonaro pressionou para que aliados votassem contra a proposta, que é uma das prioridades do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Não funcionou. O projeto foi aprovado com 382 votos favoráveis no primeiro turno e 375 no segundo turno. Vinte deputados do PL votaram a favor do texto, desses, 6 acabaram deixando a legenda.
Além dos casos citados acima, o PL acumula ameaças de outros 5 integrantes da bancada cujas saídas foram ventiladas em algum momento.
Em janeiro deste ano, o deputado federal Prof. Alcides (PL-GO) anunciou que deixaria a legenda após ele ser investigado por estupro de vulnerável. O deputado goiano é acusado de ter relações sexuais com um menino de 13 anos e de ameaçá-lo a apagar registros do abuso. Ele nega as acusações.
O nome de Alcides, no entanto, segue na lista de deputados em exercício do Partido Liberal.
O mesmo ocorreu com Júnior Lourenço (PL-MA), o único deputado do PL que votou contra a cassação de André Janones (Avante-MG) em junho de 2024. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais apoiadores da cassação de Janones, anunciou nas redes sociais que Lourenço seria expulso.
Outro caso envolve os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e o suplente Bosco Costa (PL-SE). Os três são réus por corrupção, acusados de desvio de emendas parlamentares na destinação de recursos no interior do Maranhão.
O caso incomodou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) particularmente. Em outubro de 2024, disse que o trio, que chamou de “contumazes em fazer besteira”, seria expulso do PL, pois “mancha todo mundo”, depois das eleições municipais de 2024.
A ameaça, porém, não vingou. Em agosto de 2025, Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA) ainda integram a legislatura pelo PL.
O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro foi o que mais teve baixas na bancada desde o início da legislatura: 14 deputados deixaram a sigla. Em contrapartida, o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não teve ganhos nem perdas de parlamentares nesses dois anos e meio.
O PP foi a sigla que mais cresceu desde 2023. Passou de 47 para 50 deputados federais. Em seguida vêm o PSD e o Republicanos, que ampliaram suas bancadas em dois parlamentares cada.
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