As mensagens e arquivos encontrados no celular do advogado Roberto Zampieri, que foi morto a tiros dentro do próprio carro em Cuiabá em 2023, que revelaram o esquema de venda de sentenças e levaram à descoberta de uma organização criminosa empresarial envolvida com espionagem e assassinatos sob encomenda e com a participação de militares ativos e da reserva.
Na época em que o celular de Zampieri foi apreendido, as mensagens extraídas do aparelho apontaram três servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) como integrantes do esquema criminoso. Em agosto do ano passado, os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais, após uma investigação da Polícia Civil de Mato Grosso.
Há sete meses, cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul também foram afastados em razão de uma investigação que apura corrupção e venda de sentenças. Nesse mesmo período, um mandado de busca e apreensão foi cumprido pela Polícia Federal em um condomínio de luxo em Cuiabá como parte da Operação Ultima Ratio, que apurava corrupção e venda de sentenças no qual Zampieri foi considerado peça central no inquérito.
Na operação da PF, o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves também foi preso por envolvimento no esquema de venda de sentenças. Ele está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) desde novembro de 2024.
De acordo com as investigações, foram encontrados áudios de Andreson no celular de Roberto Zampieri, em que relata cobranças de pagamentos em aberto ao advogado. Durante as buscas, um notebook foi apreendido na casa do lobista. O lobista seria um dos responsáveis por aproximar Zampieri de desembargadores.
A investigação apontou ainda que uma disputa por terras envolvendo o advogado Roberto Zampieri teria motivado o assassinato.
E foi durante a investigação sobre a morte do advogado, que a Polícia Federal descobriu a organização criminosa empresarial envolvida no esquema de espionagem e assassinatos encomendados. Cinco suspeitos foram presos nesta quarta-feira (28) em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin.
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