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Com Bolsonaro réu, oposição no Congresso quer emplacar guerra política
Oposição na Câmara tem três frentes montadas: obstrução, busca de apoio ao PL da Anistia e à PEC do fim do foro privilegiado
31/03/2025 04h31
Por: Redação H1MT Fonte: Metrópoles

Uma ala da oposição dentro do Congresso Nacional trabalha para emplacar uma guerra política que mira o Supremo Tribunal Federal (STF) depois que a Primeira Turma tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado.

O grupo político da oposição na Câmara dos Deputados tem três frentes montadas: a busca por apoio ao projeto de lei (PL) da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e a proposta de emenda à Constituição (PEC) para acabar com o foro privilegiado, além de uma obstrução nos trabalhos da Casa, que até o momento não ganhou musculatura.

Na próxima terça-feira (1º/4), o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, tem uma reunião marcada com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pedir providências sobre o andamento do PL da anistia. Sóstenes promete levar outros líderes com ele para demonstrar apoio e fazer com que Motta paute, no colégio de líderes na quinta-feira (3/4), o debate sobre o andamento da proposta.

O líder do PL diz que, caso Motta não tome providências sobre o PL da anistia, o seu partido, que é o maior da Casa, com 92 deputados, vai obstruir todos os trabalhos na Câmara, incluindo plenário e comissões. Nesta semana, o PL, o Novo e os líderes da oposição tentaram emplacar o início da obstrução na Câmara, mas houve falhas e o movimento não teve êxito.

Apesar da pressão do PL, o presidente da Câmara não dá sinais de que vai ceder ao movimento. Primeiro, porque ele, desde o início de sua gestão, em fevereiro, já deu declarações públicas de que propostas polêmicas não são uma prioridade e não devem avançar. Segundo, porque Motta está em um momento de aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fez parte da comitiva do presidente em viagem oficial ao Japão e ao Vietnã na última semana.

Na avaliação de governistas, andar com a proposta da anistia no momento de um julgamento sobre tentativa de golpe de Estado seria trazer a Câmara para uma discussão que, neste momento, deve ficar no campo judicial.

PEC do fim do foro privilegiado é outra frente

Na última semana, outra proposta voltou a entrar na mira da oposição: a PEC que propõe acabar com o foro privilegiado, que tiraria do STF os casos de políticos e mandaria as investigações para a Justiça comum, na primeira instância. O foro privilegiado tem como base que autoridades públicas sejam julgadas em tribunais superiores por crimes cometidos durante o mandato.

Um dos objetivos do movimento da oposição com a proposta seria tentar tirar do STF o julgamento contra Bolsonaro. Nesta semana, o deputado Sanderson (PL-RS) enviou um ofício ao presidente Hugo Motta para que a PEC seja votada no plenário.