A vereadora Maysa Leão (Republicanos) afirmou nesta terça-feira (25) que "não tem vocação para ser súdita", em resposta ao prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL). O termo "súdita" refere-se a alguém que se submete a um soberano, sugerindo que a parlamentar não pretende atuar como subordinada ao chefe do Executivo municipal. A declaração foi feita em entrevista à imprensa, após o prefeito ironizar críticas dos vereadores sobre o cancelamento das festividades do aniversário da cidade e suas visitas inesperadas à Câmara durante as sessões plenárias.
“Baseado nisso e numa divergência de opinião sobre a celebração do aniversário de Cuiabá, o prefeito, no grupo de vereadores, foi lá e me declarou uma líder da oposição. Então, para ser aliada do prefeito, é preciso ser súdita. Eu não tenho vocação para súdita. Então estou aqui para ser uma aliada de Cuiabá”, declarou Maysa.
Nas últimas semanas, as visitas "não planejadas" de Abilio Brunini à Câmara Municipal causaram interrupções nas sessões, comprometendo a discussão de temas de interesse da população. O vereador Daniel Monteiro, do mesmo partido de Maysa, também criticou a postura do prefeito e reforçou a necessidade de respeito ao andamento dos trabalhos legislativos.
Sobre o cancelamento do aniversário de 306 anos de Cuiabá, que será comemorado com um mutirão de limpeza da prefeitura no dia 8 de abril, Maysa destacou que o município poderia buscar parcerias com o setor privado para viabilizar as festividades sem utilizar recursos municipais, dado o atual cenário de crise financeira da cidade.
“Não falei sobre tirar verba da infraestrutura, do tapa-buraco, da saúde ou da educação para fazer festa, até porque não pode. Seria improbidade administrativa. Então a gente precisa falar a verdade para a população”, defendeu. “Uma festa feita com parceria privada pode beneficiar comerciantes locais, como vendedores de churros, de cachorro-quente e de baguncinha, que o prefeito adora”, acrescentou.
Em resposta, Abilio Brunini criticou os parlamentares em suas redes sociais. “Primeira vez que vejo uma vereadora que sabe as condições financeiras do município e que pede pão e circo. A população prefere festa ou uma cidade sem buraco e limpa?”, disse o prefeito.
Durante conversa com jornalistas, Abilio ainda afirmou que os vereadores se "apequenaram" com as críticas à presença dele na Câmara e classificou a discussão como "boba". “Algumas coisas eu acho que são pequenas demais, até para ela e para o Daniel ficarem brigando sobre se ‘eu estou indo ou não estou indo à Câmara demais, se vai ter festa ou não vai ter festa’. Não é um aniversário global, são coisas assim que eu acho muito bobas para um vereador se ocupar”, afirmou Abilio.
Apesar das críticas, Maysa reforçou que a presença do prefeito na Câmara é bem-vinda, desde que ocorra nos momentos adequados. “Para deixar muito claro, em nenhum momento eu disse que a presença dele na Câmara é ruim. A presença dele é ótima: segunda, quarta e sexta, antes da sessão. É só acordar cedo e chegar lá às 7 horas da manhã. A gente vai estar lá para recebê-lo. Suspender sessão é cercear o direito da população de acompanhar e participar”, concluiu a vereadora.