A atriz Fernanda Torres marca presença em desfile de alta-costura da Chanel, em Paris, ao mesmo tempo em que promove filme contra o regime militar. Ocorre que Gabrielle Bonheur “Coco” Chanel (1883 – 1971), segundo historiadores e algumas evidências, tinha um comportamento suspeito, permeado de atitudes e associações que podem ser considerados antissemitas, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo a sua história, Chanel tinha conexões com os nazistas, por ter namorado um oficial da Inteligência nazista e por ter morado em um hotel que era frequentado por eles; ela também reivindicou a presidência da empresa responsável pelos perfumes da marca alegando que essa não poderia ser administrada por judeus; e há indícios de que ela pode ter atuado como agente nazista, realizando missões diplomáticas para os alemães.
Em meio a isso, Chanel foi interrogada, após a guerra, mas nunca foi formalmente acusada de colaboração. Diz-se, embora, que a influência dela na elite parisiense e o apoio de Winston Churchill ajudaram-na a evitar condenação.
Em contrapartida, quase um século adiante, Fernanda Torres promove um filme, o qual ela é a atriz principal, que relata a história de um período de regime militar no Brasil, compreendido por alguns como ditadura por ter tido sérias repressões e perseguições. Algumas pessoas comparam esse período ao Holocausto, por ter perseguido pessoas.
Ora, a lógica é simples. Um comportamento vai de encontro a outro. Fernanda Torres, que repudia atos contra etnias, deveria ter sido alertada sobre quem era Chanel, sua história e suas possíveis ligações com o antissemitismo. Entretanto, somado a isso, a atriz ainda defende abertamente os atos do Hamas contra Israel, onde é explícito o desprezo do movimento islâmico por mulheres, homossexuais, israelenses.
Há de se ter coerência diante de episódios tão contraditórios. O fato é que os legados tanto da Chanel, na história da moda, quanto da Fernanda Torres, no cinema, são incontestáveis. Mas as suas biografias são incoerentes, que aparentemente contêm capítulos obscuros que não podem ser ignorados.