A pandemia trouxe consigo uma revolução nas dinâmicas de trabalho, com o home office se tornando uma realidade para muitos. Cinco anos depois, a algumas particularidades adotadas diante daquele cenário ainda se fazem presentes. Nesse contexto, o impacto das roupas no ambiente de trabalho remoto emerge como uma questão relevante dentro da Psicologia da Moda. Afinal, as vestimentas que escolhemos não apenas refletem nossa personalidade, mas também influenciam nossos estados emocionais e desempenhos.
Imagine Maria, uma profissional de marketing que, antes do home office, se dedicava a escolher cuidadosamente suas roupas para o escritório. Quando o trabalho remoto se tornou sua nova rotina, Maria optou por roupas mais confortáveis, como moletom e chinelos – de modo que ela estava em casa. Contudo, logo percebeu uma queda em sua produtividade e uma sensação constante de falta de energia. Essa experiência é corroborada por estudos da psicóloga Karen Pine, autora de Mind What You Wear: The Psychology of Fashion, obra que destaca como a roupa que vestimos tem efeito significativo em nosso comportamento e humor. Segundo Pine, roupas associadas a determinado papel ou contexto podem ativar atitudes e habilidades relacionadas a ele.
No caso de Maria, ao trocar o moletom por uma camisa social e calça jeans, mesmo em casa, ela notou uma mudança expressiva: maior foco, disciplina e autoconfiança nas reuniões virtuais. Essa experiência evidencia o conceito de "enclothed cognition", um termo introduzido por cientistas como Hajo Adam e Adam Galinsky, que descreve como as roupas influenciam processos psicológicos através do simbolismo e da experiência física.
No ambiente remoto, onde a linha entre o pessoal e o profissional é tão tênue, vestir-se de forma adequada ao trabalho atua como um ritual que sinaliza o início da jornada profissional. A estilista e consultora de imagem, Alison Lurie, também aponta em seu livro The Language of Clothes que a comunicação não verbal das roupas impacta a forma como somos percebidos e percebemos a nós mesmos.
Portanto, investir em um "código de vestimenta" híbrido – que equilibre conforto e profissionalismo – não é apenas uma questão de estética, mas uma estratégia para promover bem-estar e desempenho. Afinal, como disse Ralph Waldo Emerson, “o que vestimos nos veste também por dentro”. E, no contexto do trabalho remoto, vestir-se adequadamente pode ser o primeiro passo para um dia produtivo e pleno de realizações.
Por Nathália Fernandes